Nunca Percas a Esperança
Ao abrir o correio do Farol, fui surpreendido com esta bonita Luzinha que alguém lá tinha deixado. Decidi baptiza-la de "Nunca Percas a Esperança", espero que o autor não se importe.
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Era uma vez uma gaivota. Tinha-se perdido do grupo e vagueava há muitos dias no mar alto, sem rumo.
As forças começavam a faltar-lhe, já não iria aguentar muito tempo a planar, pousando apenas ao de leve nas águas para tomar o fôlego mas sendo obrigada de seguida a subir, a voar, voar sempre.
Eram águas onde não encontrava alimento para ela. Tinha de ser um tipo certo de peixe, que vivia noutros mares que não aquele...
E a gaivota estava cada vez mais fraca.
-Mas não desistirei!, pensava ela no seu cérebro pequenino de gaivota.
-Hei-de voar, até que não sobre a mínima réstea de força, de esperança. Até que as asas me pesem como chumbo e me levem até abaixo, ao mar que tanto amo, para não mais me conseguir levantar. Flutuarei até poder. E quando o último suspiro se soltar, e a última força me abandonar, aí sim, mergulho. Até ao fundo.
Enquanto estava nestes pensamentos, a gaivota pensou, ao longe, ter visto algo.
Uma claridade ténue, como a luz leitosa da lua. Ou da neve. Piscou os olhos, julgando estar já com alucinações, de tanto cansaço, mas não. Não eram. Lá estava ela, mais clara, a luz. Apagava e acendia. Girava lentamente como que a chamá-la.
A gaivota encheu-se de coragem, rebuscou as últimas forças de todas, abriu muito as asas e, num impulso, voou em direcção à luz.
Quase a lá chegar, viu do que se tratava. Um farol. No meio do mar...
Deixou-se tombar docemente na falésia escarpada onde este assentava a sua base, e descansou.
Tinha encontrado um porto seguro. No dia seguinte encontraria alimento e, quem sabe, o grupo, os seus amigos que viriam à hora de regresso dos pescadores, vindos do mar alto, trazendo da faina, os peixes certos.
Estava salva.
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