30 de março de 2007

Bem-Vindo a Casa

De volta a casa.

Era uma sensação estranha, aquela que sentiu ao abrir a porta do farol, estranhamente agradável, ou agradavelmente estranha. Talvez fosse só mesmo o reflexo da confusão, da imensa barafunda que rodeava a sua vida. Uma gargalhada de sentimentos, ventos cruzados num mar de olhares sem fundo, rufou à sua volta. Preparava-se para fugir de uma prisão, cárcere cruel de dias e dias todos iguais.

Aquele era o seu refúgio, o seu céu, o seu porto de abrigo contra as tempestades que, dia após dia fustigavam a costa desprotegida, nua do calor dos sentimentos que flúem sem rumo, ou num rumo desordenado, confinados num universo tão ... tão direitinho.

Acabou de escrever a password e abriu-se definitivamente a porta do farol, deixando encerrada a sete chaves a porta da prisão, a qual, encerrava agora a realidade.

A realidade agora era outra, uma realidade sonhada, pensada, vivida sem vida, uma realidade que não passava de uma ilusão, contudo tão ou mais real que a realidade em si, tudo simplesmente porque era a realidade desejada.

- Bem-vindo Faroleiro.
- Obrigado, Faroleiro!


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