6 de agosto de 2004

Saudade... de hoje

Terminara o passeio matinal. Era uma rotina, quase uma obrigação, uma obrigação de paixão. Sentir a brisa fresca com aroma a maresia entrar pelo olfacto, o sol que se espreguiça, atirando raios de luz que varrem a infinita superfície azul do mar, era isso que fazia pulsar o sangue nas suas veias.

A visão da imensidão daquele espelho de água, faziam-no sentir extraordinariamente pequeno. Pensava na minúsculas coisas da vida, aquelas que ignoramos enquanto estamos muito ocupados a representar papéis muito sérios, quantas vezes estranhos e vazios. Personagens ocas de sentimentos, de vida, com um relógio no braço e uma agenda na mão. Datas, dias, horas, compromissos, dívidas, tudo tão importante, mas se diluídos naquela vastidão de oceano de água, que restaria?

Sentou-se na escada. Limpava a areia dos pés grão a grão, quase como uma penitência. Não queria ir embora, mas os compromissos... esses, sempre esses.

Na verdade queria permanecer ali, aquele era o seu refúgio, um porto de abrigo para a sua alma. Uma alma dorida, magoada, mortalmente ferida pela saudade dela.

A saudade, também ela. Como pode doer sentir a falta de alguém. Mas, pior é mesmo sentir falta de alguém que não se conhece, do que não se teve, mas que cá dentro, bem no fundo do nosso ser, sabemos que existe e que a queremos muito...

...tanto quanto o ar que respiramos para viver.


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