5 de agosto de 2004

Os Sonhos...Tema Recorrente

"Depois acabei de um trago o meu copo, como um velho pirata, e levantei-me a tossir, disposto uma vez mais a contemplar no espelho do mar os meus sonhos"

Assim escreveu José Manuel Fajardo.

Não pude deixar de me identificar com este personagem, não com todo, apenas com aquele que olha o mar e vê nele os seus sonhos. Isto levou-me a reflectir sobre uma série de frases feitas.

A primeira é que: "é bonito sonhar"

Claro que é bonito sonhar, todos deveríamos sonhar. Mas sonhar, implica sentir falta, ausência, vazio, ou seja, sonhamos com aquilo que não temos, mas desejávamos ter. Aqui reside toda a questão, o ideal mesmo seria não sonhar e ter, ter tudo.

Já sei que é utópico, mas hoje estou assim, meio amargo!

Outros dirão: "sonhar é importante, pois faz-nos sentir vivos, ter objectivos"

Também é verdade, pobres de aqueles que navegam à toa pela vida, contudo o simples facto de termos objectivos não serve de muito, se não tivermos alguém ao nosso lado com quem partilhar esses sonhos e esses objectivos. Para abraçar, beijar, rir e chorar de alegria quando os atingimos e para nos confortar quando esses objectivos parecem mais afastados que o pôr-do-sol no horizonte.

Olha Duende, continua aqui a saga dos sonhos, estás a ver? Pois é, começou como teu post e desde então nunca mais os larguei.

Há até quem se dedique a fabricar sonhos, o que é muito bonito, assim todos aqueles que não são capazes de sonhar sempre podem consolar-se como os sonhos de outros e talvez, quem sabe, identificar-se com eles.

Obrigado Catarina!

Também tu, Mar há alguns dias (01.08.2004) te cruzaste com eles: “Mais vale sonhar com o impossível do que não ter nada com que sonhar...”

Talvez tenhas razão Mar, talvez? Não! Tens mesmo razão!

Mas os sonhos também podem ser arpões muito sangrentos, porque depois de espetados é necessário rasgar a carne para os retirar e isso dói e dói muito.

O melhor mesmo será sonhar com estrelas cadentes, príncipes, sereias, pó mágico de estrelas e com um mar imenso que nos beija sempre que o desejarmos, bastando para tal estar juntinho dele.
Mas também é necessário cuidado, pois esse mesmo mar, por vezes entusiasma-se e beija-nos com toda a intensidade. Depois é ver-nos todos encharcados.

Estou, decididamente, a necessitar férias!


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