11 de agosto de 2004

Quem me dera...

"Quem me dera ter-te aqui."

Esta frase, aparentemente banal, podia muito bem marcar o início ou o fim de um diálogo, ou nem uma coisa nem outra, contudo, apesar da sua simplicidade esta é sem dúvida uma mensagem que encerra uma luz resplandecentemente bonita.

Um olhar atento sobre esta singela frase revela-nos o sentimento de uma pessoa, alguém que se sente só, que deseja ter outra pessoa ali com ela. A frase não especifica, mas imagino imediatamente um telefone ou telemóvel, talvez uma carta ou e-mail, um homem e uma mulher.

Claro que a frase podiam ser proferida por dois amigos, duas amigas, dois irmãos, parentes ou até dois estranhos. Pouco interessa, o que importa é o que eu sinto e eu vejo um rosto triste com olhos marejados pela saudade de uma mulher, ou vice-versa.

A falta é um elemento omnipresente nesta frase, a falta de alguém que se quer muito, que se deseja ter ali, do beijo, da carícia, do abraço apertadinho que nos aquece mais por dentro que por fora.

A sombra de um amor ausente assombra descaradamente esta relação, os sentimentos afloram a cada palavra até à última letra, a mensagem de amor não termina ali, vai mais além, na vontade de estar onde não estamos, quase podemos sentir a amargura de um amor dilacerado pela separação, uma separação forçada, porque não podemos, porque não nos deixam, porque..., porque..., porque, tantas são as possibilidades, mas queremos, e é a consciência deste desejo, desta vontade de partir que nos vai mutilando por dentro.

É assim que se constrói a saudade, com a vontade de estar onde e com quem se deseja, mas não se pode.

Claro que vocês, podem não ver nada disto nesta frase, talvez na verdade eu seja apenas um sonhador e a esta visão, não seja mais que uma vontade imensa de sonhar.

Quem me dera ter-te aqui!


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