11 de agosto de 2004

Segredos

Perguntava-me ali em baixo, numa caixinha de comentários, a grande maga dos sonhos, sobre os segredos do farol e do faroleiro.

Nada mais claro, o farol não encerra nenhum segredo, é apenas uma fonte de luz, de uma luz que não faz bem guardar dentro de nós, pois corremos o perigo que esta nos cegue ou nos queime com a sua intensidade.

Quanto ao faroleiro, esse sim encerra em si mil e um segredos, tantos quantas as mil e uma noites. Se assim o desejares Catarina, mil e um sonhos, alguns revelados e muitos, muitos por revelar.

Imagina que o Faroleiro é uma árvore, forte e sensível, de onde partem ao encontro do céu, muitos ramos que são os sonhos, claro que sem o tronco nunca existiram os ramos, eles são uma extensão daquilo que o tronco come, bebe, sofre, no fim, de como se sente e absorve o mundo à sua volta.

Claro que, se me tivessem colocado esta questão há uns meses atrás teriam obtido definitivamente uma resposta diferente, a lei da imutabilidade não se aplica aqui, porque os sonhos são assim, uns partem outros chegam, como os ramos, uns quebram e outros nascem, num ciclo de renovação de vida.

Não julguem que estou a falar de um cata-vento, não é nada disso, o Faroleiro não anda ao sabor do vento. Os sonhos são alicerçados em sentimentos e esses, no seu estado mais puro, são imutáveis, nascem e morrem connosco.

É certo que outros sentimentos há, que nascem e se extinguem com o tempo, a vida e as suas agruras, mas esses normalmente são o resultado de sonhos, tantas vezes desfeitos e não a fonte dos sonhos.

Aprendi que sonho porque estou vivo e que vivo para sonhar.
Num ciclo que se perpetua até à exaustão.


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