8 de agosto de 2004

Sonho de Uma Tarde de Verão

Entrou na sala amplamente iluminada pelo sol radioso daquela tarde que teimava em tocar todos os recantos daquele espaço.

Na mesa, junto ao cadeirão, viu o livro que apaixonadamente lia desde há dias. Aproximou-se e pegou-lhe. Com a ajuda do marcador, detectou as últimas palavras que lhe tinham arrebatado a alma. Inadvertidamente começou a ler, de pé, descontraidamente.

Sentiu o calor, o sol da tarde tornava aquele recanto acolhedor no Inverno, mas no Verão podia ser deliciosamente incómodo. Dirigiu-se à porta que dava para a varanda, que abriu para deixar a atmosfera exterior acompanhar os raios do sol. Olhou em direcção ao cadeirão e resolveu sentar-se, sempre estava mais confortável para a sua leitura.

Já sentado continuou calmamente a sua leitura. Pela porta entreaberta entrava uma música que lhe era familiar, Rita Lee cantava “Desculpe o auê, Eu não queria magoar você, Foi ciúme sim, Fiz greve de fome, Guerrilhas, motim, Perdi a cabeça, esqueça. Da próxima vez eu me mando, Que se dane meu jeito inseguro, Nosso amor vale tanto, Por você vou roubar os anéis de Saturno”.

Leu meia dúzia de páginas e começou a sentir os olhos perderem-se rumo ao infinito, um mundo desconhecido de sonhos azul celeste. Tentou resistir, mas num instante o livro caiu sobre o seu peito ainda aberto. Tinha adormecido placidamente.

Já a dormir sentiu-a aproximar-se, não que ela tivesse anunciado a sua chegada, bem pelo contrário. Chegara silenciosamente e colou-se imediatamente a ele. Começou a acariciar-lhe o rosto. Depois secou-lhe os lábios, tocou-lhe o nariz, os olhos e por fim desmaiou perdida nos seus cabelos.

Tinha um toque extremamente suave e fresco, com um aroma a mar. Jamais esqueceria aquele perfume. Percebeu que ela avançava em seguida em direcção ao seu tronco, mas não sem antes depositar um leve frescor nos seus braços descobertos. Levantou a T-shirt, apenas o suficiente para poder percorrer entrar e percorrer o seu tronco, indo acabar a tocar-lhe o pescoço, através da abertura superior.

Mais atrevida, passou pelas suas pernas e espreitou o interior dos seus calções. Entrou decidida a investigar todos os rincões do seu corpo, deixando à sua passagem um rasto doce e agradável de frescura. Era uma sensação incrivelmente boa, aquela de ser tocado intimamente de forma tão segura e meiga.

Foi então que um ruído perturbou aquela união e o despertou. Era ela, a sua menina bonita que acabava de fechar a porta da varanda. Sem se aperceber ela tinha fechado lá fora a brisa com sabor a mar, que tão sensualmente o tinha refrescado enquanto dormia.

Então olhando para ela com um ar traquina e desafiador, ele disse-lhe:

- Não me vais deixar assim carente..., sem os mimos da brisa do mar que acabas de fechar lá fora?

- Claro que não!

Respondeu ela, enquanto avançada para ele com o rosto iluminado por um sorriso meigo e um olhar profundamente apaixonado.


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