14 de outubro de 2004

Aroma de ...

Ontem à noite decidi dar um longo passeio pelo blogouniverso. Não posso dizer que tenha sido uma viagem sem rumo, pois visitei apenas alguns planetas cuja luminosidade prometia recompensar a minha viagem com o prazer simples de umas leituras agradáveis.

Fiquei admirado com algumas sensações transmitidas pelo que vi nesses planetas. Para ser sincero não posso dizer que a surpresa tenha sido total. Não, não foi, mas tal, deve-se também ao facto de não ter aportado em planetas sombrios.

Vi gente bonita, que trata as palavras com uma delicadeza espontânea, para exprimir naturalmente sentimentos que muitos de nós num momento ou noutro também sentimos.

Com a Luz do Farol a orientar os passos seguros da minha viagem pela vastidão do blogouniverso, pintado a negro, entrecortado por pequenos pontos brilhantes, fui voando de um planeta para o outro à velocidade da luz, soprando aqui e além um raio de luz, um clarão ou mesmo uma sombrinha, moldada na dor alheia.

Depois disso naveguei para o descanso acompanhado por um livro de carne e osso. Gosto particularmente de dar uma hipótese aos autores portugueses, mas na verdade, muitos conseguem ensombrar o dia mais luzente. Uma ânsia faminta de “literalizar“ os seus textos, isto é, de os tornar verdadeira peças literárias, impele-os a transformar histórias intimamente simples e belas, num verdadeiro suplício para o leitor.

O uso e abuso de figuras de estilo, as inúmeras reflexões sobre temas por si já complexos e subjectivos sem nada de novo, as constantes divagações pseudo-filosóficas dos autores, as monstruosas descrições que amputam barbaramente as asas da imaginação do leitor, levam-nos a confundir e a questionar quem são os verdadeiros protagonistas da história: se as personagem que deveriam ganhar vida à medida que as letras penetram nos olhos do leitor ou se o autor que projecta nas reflexões e divagações das personagens, pessoas e sentimentos que intuitivamente sentimos não pertencerem àquela história.

Lembra-me sempre as telenovelas brasileira que após trezentos e muitos capítulos, conseguimos perceber que a história era tão simples que poderia te sido contada numa dúzia de capítulos, sem perder o seu verdadeiro significado.

Ao leitor resta a sensação de ter aberto um frasco de perfume, onde foram apinhadas toscamente uma imensidão de fragrâncias, que o impedem de sentir o verdadeiro aroma da história.

Claro que agora também poderia começar a tentar descrever os inúmeros aromas que, ontem à noite, senti ao abrir o frasco, mas acho que vou dar algum espaço para que a vossa imaginação possa ganhar asas e voar.


0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home

]]>