1 de outubro de 2004

A Espera

Espero, sentado à sombra desta luz que não me ilumina.

Espero e desespero!

Espero e desespero na ânsia da tua voz, do teu cheiro, de um olhar, um toque suave dos teus dedos macios, cavalgando suavemente os meus lábios. Espero e desespero por um beijo, pelo do carinho de um abraço, o fogo ardente da pele em pele. Estremeço ao sentir na minha mente o arrepio de prazer que percorre o teu corpo e o desalinho dos teus cabelos em minhas mãos.

Mas tu não vens e eu espero, espero e desespero mas não desisto, não capitulo perante o mar de pensamentos absurdos que me empurram numa direcção que quero seguir. Estou seguro, sei o que quero e espero, espero e desespero ao olhar para o relógio onde os ponteiros correm desenfreadamente um atrás do outro, numa corrida louca, mas sem meta à vista.

- Não é possível - digo. Ainda agora eram...

Mas o tempo escorre entre as chamas da luz que agora teimam em partir e eu continuo só, ali sentado, continuo à espera, espero e desespero na secura da minha alma.

Espero e desespero por ver-te surgir com o teu olhar transparente, o cabelo ondulado e pele vestida de espuma que agarraste da onda que te virá entregar em meus braços, ali no areal, só para mim, para por fim, matares esta sede de amor.

Espero e desespero, mas não me vou, agarrado a uma concha de paixão, ouvindo a tua voz que aprisionei num búzio imaginário do meu pensamento.

Espero e desespero, mas resisto, porque aguardo que luz do farol te conduza, segura, até mim.



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