Hoje, Amanhã e Depois...
a escolha dependerá apenas da ordem de prioridade de cada um.
Mas pode também e talvez ser somente presente e futuro.
Pois é assim mesmo que alguns encaram a vida, viver o presente e não pensar muito no futuro.
E o passado?
A quem interessa o passado. Passado é passado, já passou, não interessa. O que interessa mesmo é viver o presente, olhar para o futuro, mas sem pensar muito nele, pois esse pensamento pode ser assustador.
Este é o reflexo da sociedade actual, uma sociedade que vive vertiginosamente com o olhar constantemente fixo no amanhã. Peixinhos que esperam avidamente pelo que virá, pelo dia seguinte, a nova experiência que se transformará no nosso presente, esquecendo simplesmente o passado.
O passado, a memória do que somos, do que fomos e daqueles que deram o sangue e suor para que hoje possamos apreciar o muito que temos, mas sempre nos parece pouco. Egoísmo, puro egoísmo, resultado de anos e anos a respirar um ambiente que intoxica a mente com a ideia de que, o que interessa somos nós e os outros que se desenrasquem. Uma sociedade que olha com uma indiferença fria para o passado, o mesmo passado que guarda a identidade de quem somos, de onde vimos e para onde vamos, à semelhança de um código genético.
Mas não é só em relação ao passado que o nosso comportamento é absurdamente estranho. Também em relação ao futuro a sociedade, isto é, nós, transformámo-nos em egoístas. O “futuro” resume-se àquilo que a nossa vista abarca, que é como quem diz, a nossa vida alcança. “As gerações futuras que se amanhem porque o que tenho, para mim chega” é a frase predilecta de alguns pseudo-defensores de nobres valores.
Alguém dizia há dias a propósito de reflorestação de uma área ardida: “O quê? Plantar Castanheiros? Nem pensar, esses demoram demasiados anos para crescer. Estaria a plantar para os meus netos.”
Pois é assim mesmo, uma sociedade “madura” com muito mais de 2000 anos, transformou as pessoas com 35 ou mais anos, em idosas para o mercado de trabalho. Uma sociedade que espezinha desapiedadamente a experiência e ponderação que apenas a maturação lenta de muitos anos em situações mais e menos difíceis é capaz de aperfeiçoar e conferir aquele gosto especial que paradoxalmente apreciamos no bouquet de um bom vinho, ou no paladar de um bom enchido de cura tradicional, não daquela “cura tradicional” feita à pressa em fábricas, mas daquelas feita em fumeiro de lenha.
(A dificuldade em escolher apenas uma imagem para ilustrar o palpitar deste texto, ditou a escolha destas duas.
Não sei explicar o porquê, mas sinto que se complementam)
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