12 de outubro de 2004

Ela

Hoje é que estou mesmo sem inspiração. Deve ser a gripe de Outono que me ataca a capacidade criativa.

Sentei-me em frente ao computador, olhei o ecrã e decidi ir dar uma espreitadela à janela do farol. Vi que estavam por lá personagens de uma ficção demasiado real, que aguardam pacientemente que me sente e lhes trace o futuro numa folha de papel virtual. Na verdade qualquer dos enredos já tem um principio e um fim (o meio fica para depois), e até sei o que vi acontecer a seguir e até depois do "a seguir", mas quando coloco os dedos sobre o teclado sou imediatamente atacado por uma paralisia, tipo tendinite, que não permite que as palavras que se acumulam na minha mente se libertem e voguem para o branco do ecrã.

Não sei se será normal? Talvez sim, talvez não. Só sei que não consigo deixar de pensar nela.

Nela, de quem apenas conheço uma sombra que se espreguiça na areia de uma praia desconhecida e deixa que o mar lhe beije os pés.

Nela, de quem apenas conheço palavras bonitas que sempre me emocionam quando as leio, sempre mais de uma vez e guardo num cantinho especialmente aconchegado do meu coração.

Nela, de quem falo ao sol e de quem as estrelas e lua me trazem boas novas enroladas na espuma do mar, que as deixa estendidas numa doce cama de areia.

Nela, que é mulher, mas que bem podia ser uma bela sereia.

Assim continuo, à espera. Espero que o sol adormeça para que o mar agarrado ao luar e embrulhado num cobertor de estrelas brilhantes, me traga, enrolado no colo as suas doces palavras.



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