Acordou meio ensonado e cambaleante dirigiu-se ao cimo do farol. Ao chegar reparou que a luz estava apagada e havia sinais de estar assim, há já muito tempo. Questionou-se sobre o que teria acontecido para deixar a luz morta durante tanto tempo.
Na sua cabeça um vazio total, escuro e frio, recordava-lhe a solidão de um sono profundo. Queria encontrar uma razão para aquela escuridão, porque deixara ele a luz apagada durante tanto tempo, mas do seu pensamento apenas jorrava um silêncio em bátegas ruidosas.
Por momentos pensou em virar-se e aproveitar aquela majestosa visão do mar que sempre o transportava para um mundo de ilusão e sonho maravilhoso e que lhe aliviava a dor da solidão, ao mesmo tempo que lhe consolava a alma dorida do sono profundo.
A virar-se em direcção ao mar o seu rosto transformou-se, crispou-se e dos seus olhos duas enormes lágrimas começaram a brotar. O mar azul, o seu mar azul, o seu porto de abrigo das tempestades terrestres não estava mais ali. Apenas uma enorme buraco, vazio e escuro à sua frente. No horizonte apenas uma luzinha muito ténue e tímida teimava em acender-lhe a esperança no fim do túnel da escuridão da sua solidão.
Ficou sem saber o que fazer, ficar ou partir definitivamente, virando as costas àquele farol, refúgio de tantas tempestades.