12 de março de 2012

A Luz das Palavras

Queria dizer-te muitas coisas…
Talvez poucas, mas fortes e sentidas. Talvez até nem precise de te dizer nada.

Afinal para que serve a sintonia, a telepatia do olhar?

Mas a verdade é que me escondo entre as palavras que te digo e as que guardo para mim. Injustamente.

Há muitos tempo, mais do que gostaria de admitir, aprendi que o silêncio pode ser muito mau, cruel mesmo. Mas aprendi também que as palavras podem igualmente ser como adagas afiadas. Primeiro, finamente, despojam-nos da casca que nos protege. Depois penetram bem fundo dentro de nós esventram-nos o miolo e sangram-nos a alma. É como aparar uma grande laranja da qual se extraem os gomos, um a um, para depois trincar e sorver o sumo.

Há ainda e sempre o perigo, constante, das palavras se virarem contra nós. Elas são traiçoeiras. Dizem apenas o que querem dizer e, muitas vezes, não o que querem realmente dizer.

Talvez por isso dou, sempre que posso e me deixam, primazia aos actos, às sensações e aos gestos.

É que os actos, as sensações e os gestos podem iludir, confundir e até enganar, mas não mentem.

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