16 de fevereiro de 2005

Uma Luzinha

Pois é, constatei que nunca passei tanto tempo sem acender uma luzinha neste recanto perdido na imensidão de oceano que é a blogosfera. Mais estranho ainda é que até sei qual a cor da luzinha que queria acender, não me faltam as lâmpadas e até tenho o sorriso de uma tal empresa para me apoiar, mas nada.

Esta sensação de ter o que escrever, sentir que o devemos fazer, que o queremos fazer, mas ao mesmo tempo não conseguir fazer é avassaladora... tal como a força do mar que a luz do farol enfrenta todos os dias.

Pode ser que uma luzinha no horizonte devolva a este Farol, o esplendor, que a escuridão levou.



5 de fevereiro de 2005

A Importância

João saia da escola acompanhado do seu novo amigo, o Pedro. Junto ao portão encontraram Rui e Francisco. Pedro apressou-se a apresentar João aos amigos.

- Este é o João. Está na minha turma e mora perto de nós. Vamos juntos para casa.

O grupo seguiu pela rua abaixo na galhofa. No fundo da rua dobraram uma esquina e a visão da escola esfumou-se como por magia. Então Rui mete a mão ao bolso e saca o maço de tabaco. Do seu interior retira um cigarro, acende-o, dá duas passas e oferece ao Francisco, que sem se fazer rogado logo começa a fumar. Pedro incomodado com a espera logo fala.

- Então "mén", ainda não chega. Passa o cigarro.

Francisco estende o cigarro a João, que dando um passo atrás levanta a mão dizendo:

- Não obrigado, não quero fumar!

-Vá lá não seja garoto - dizem-lhe os outros – Uma passa não faz mal a ninguém.

João mantém-se seguro e afirma com convicção:

- Não quero fumar.

Nesse instante Francisco num gesto desajeitado e apressado atira o cigarro para o chão, o mais longe possível.

- Rui vem ali o teu pai – diz ele.

Com efeito, o pai do Rui era policia e passava naquele instante num carro patrulha. Os amigos começaram a falar de como era ter um pai polícia. Rui todo inchado lá dizia:

- O meu pai é muito importante pois se não fossem os polícias não havia segurança.

Pedro logo se apressou a responder-lhe.

- O meu pai é bombeiro. Ele é que é verdadeiramente importante pois ele ajuda as pessoas que estão em perigo.

Francisco não podia ficar atrás dos amigos e logo disse:

- O meu pai é médico! Ele é o mais importante, pois trata as pessoas quando estão doentes e salva-lhes a vida!

Naquele instante todos olharam para João que se mantinha calado. Ao ver que todos esperavam que ele falasse de seu pai, João tomou coragem e falou, enquanto uma grande lágrima começava a correr-lhe pela face.

- O meu pai era fumador… morreu à dois anos.



1 de fevereiro de 2005

Talvez...

Sei que tenho andado muito afastado do farol. Já não acendo uma luzinha há vários dias.


Não está certo, eu sei! Mas se estavam à espera de uma explicação ou de uma desculpa esfarrapada do tipo “a lâmpada fundiu e na loja, blá, blá, blá….” Esqueçam!

Simplesmente não me apetece escrever. Sei que isto é o princípio do fim de um blog, sim porque os blogs existem porque vocês, pessoas anónimas como este faroleiro, não se importam de gastar (ou investir, depende da perspectiva) o seu tempo a ler o que outros escrevem.

Claro que se não escrevem, para que vamos lá? Não há nada de novo para ler.

Claro que o feedback é fundamental neste processo, ainda que alguns digam que não se importam, a verdade é que ninguém dispensa um contador e uma caixinha de mensagens.

Assim meus amigos, talvez amanhã acabe de escrever o último capítulo das coincidências. Já o tenho aqui arrumadinho num cantinho do farol e penso que não vai desiludir aqueles amigos que gostam do estilo.

Isto não é uma promessa, é apenas um talvez…

…sim, talvez amanhã consiga sonhar.



]]>