31 de dezembro de 2004

Uma Promessa... Um Desejo

Só mesmo a promessa de um "chuac" docemente envolto na espuma branca que a maré transporta na crista da onda e desmaia, sem dor nem arrependimento na praia, me fariam acender uma luzinha.

O Faroleiro é assim. Há pessoas, situações e objectos que o tocam e outras que nem por isso.

Mas, este mar que abraça e carinhosamente acaricia as paredes do farol, toca o faroleiro, que não pode por isso deixar partir este ano, este que foi um ano especial, sem oferecer na palma da mão estendida, uma luzinha amiga.

Foi o ano da descoberta da luz, mas também da escuridão, aquela que se esconde atrás de cortinas de luz brilhante, de estrelas cadentes de brilho fugaz e ilusório. O ano da chegada ao farol, da descoberta de estrelas anónimas que sem cessar brilham no escuro da noite alimentando a imaginação e o desejo de descobertas em mares nunca dantes navegados, como diria o Poeta.

Para essas belas e incansáveis Estrelas, cujo brilho atravessa as janelas do farol e dão mais luz à luz, que se deseja amiga; à mão amiga que se alonga no horizonte e nos conduz a um porto seguro, a essas Estrelas amigas desejo um 2005 repleto de Saúde, com alegria q.b. e algum dinheiro para ajudar à festa e fazer com que a sua luz não deixe de brilhar neste oceano de sentimentos e emoções que nos atravessam a alma como raios de Luz.

Para vocês, votos de um BOM 2005, do fundo do coração.



23 de dezembro de 2004

Presente de Natal

Ontem recebi um presente de Natal. Foi um "Pai Natal" modernaço que me o enviou via e-mail. Uma completa surpresa. Nunca ninguém me tinha enviado um presente daqueles. E foi assim mesmo que fiquei, como este texto, meio baralhado a repetir-me.

Mas é que foi uma grande surpresa, ainda mais quando vejo que tenho amigos, ou neste caso uma amiga, que escreve coisas tão belas e tão cheias de significado. Pergunto-me muitas vezes, como alguém que escreve como ela vem olhar o mundo a partir do varandim deste farol. Tenho a sensação que o seu mundo é bem mais colorido, tem mais brilho e luz que aquele que se vê reflectido nas ondas do mar que banham os pés deste farol.

Já por várias vezes equacionei apagar de vez a luz deste farol, umas vezes mais a sério e outras menos, mas tenho sempre voltado, acendo mais uma luzinha e espero, espero e espero… Espero ver olhinhos a brilhar na escuridão do horizonte longínquo. São essas estrelas a brilhar que me vão dando alento para, dia após dia, subir as longas escadas em caracol e acender mais uma vez a Luz do Farol.

É verdade que ultimamente não o tenho feito com tanta frequência, mas todos os dias cumpro o ritual – não de obrigação mas de paixão – de subir as escadas e lançar o olhar de faroleiro ao horizonte procurando algum sinal de embarcação em perigo. A mão, no bolso, protege-se do vento frio que nesta época assola esta fortaleza, na qual o mar liberta a fúria contida em muitos meses de calor e ameno clima.

Dizia que a mão, essa, esta sempre pronta a estender-se e como por magia, mergulhar nas água frias do oceano, de onde volta a elevar-se transportando na sua palma a frágil, mas corajosa embarcação, que leal e valorosamente desafia os enigmáticos perigos que a vida nos coloca incessantemente.

É por todas estas, poucas, muito poucas embarcações, que este farol vai resistindo, mas sinto que se está a desmoronar lentamente. O mar, esse, não desiste e continua a engolir e a esconder no seu seio a sereia de olhos transparentes, cujo reflexo, apenas uma miragem, um dia surgiu no distante horizonte. De forma continua, as ondas são arremessadas, uma e outra vez, por vezes com mais força, outras com dissimulada suavidade, contra as paredes desta fortaleza de luz que, a custo, vai mantendo uma postura firme e exteriormente insensível, mas que por dentro vai abrindo minúsculas fissuras que prontamente são cobertas com mais uma camada de pintura, mas com a certeza de que a prazo vão comprometer a sua estrutura.

Mas não era disto que vos queria falar, o que queria mesmo era agradecer a mão aberta que estenderam a este faroleiro e o presente que no seu interior transportava. São estas pequenas coisas, gestos singelos mas profundamente belos e sensíveis, que servem para tapar as brechas que o mar teimoso insiste em provocar.

Para ti, Isabel, algumas palavras:

Muito obrigado!
Que este e todos os teus Natais possam ter sabor a alegria, amor e paz. Sabor este, cujo direito foi conquistado no momento que abrimos os olhos para o mundo, mas que muita gente se esquece, quanto outros brilhos mais fúteis e efémeros lhes invade o olhar.


Um Santo e Feliz Natal.
Até sempre.


19 de dezembro de 2004

Boa Noite

Que a vossa noite esteja repleta de luzinhas de sonho.





15 de dezembro de 2004

Boas Festas!

Hoje apeteceu-me vir até aqui desejar-vos: Boas Festas!

Para isso escolhi esta pequena imagem, porque acredito que é para elas, as crianças, que o Natal têm mais Luz, ainda que para algumas, esta não passe de uma altura do ano em que se recebem muitas prendas, mais do que é normal. Para outras é a única altura do ano em que recebem alguma prenda e para outras ainda, é um momento igual a todos os outros dias, cinzentos, do ano.

Valham-nos ao menos as luzinhas que piscam e repiscam nas fachadas, janelas, postes e arvóres para lembrar a essas crinças que apesar do cinzento dos seus dias, há luzes de esperança que se acendem todos os anos e assim sempre podem pedir ao menino Jesus ou ao Pai Natal que, no próximo ano, se acenda um luzinha só para eles.

Boas Festas e que todos, mesmo todos, sem excepção, possam ter a luzinha que merecem.


13 de dezembro de 2004

O Encontro (Parte V)

Sentia-se que era uma chamada importante. Não foi muito demorada, mas foi bastante intensa. A decisão que a sua passageira acabara de tomar transtornava a vida de outras pessoas. O ambiente no táxi tornou-se denso durante os instantes que ela falou ao telemóvel.

Isto contava o Sr. Diogo aos seus colegas taxistas no habitual falatório de fim de dia. Continuou:

- Se vocês a vissem… Bastante atractiva e com um olhar capaz de matar de amor um homem. No entanto havia algo que a perturbava, pois após o telefonema, pediu-me para mudar de direcção para a levar ao local onde a tinha apanhado, ao pé da livraria do "Resende", em frente à leitaria "Nacional". Dei a volta e lá segui em direcção ao "Resende", mas quando nos estávamos a aproximar disse-me para não parar e deu-me uma nova morada.

- Ai Diogo quer-me parecer que tens uma admiradora dos teus dotes de motorista…

Após esta tirada de Francisco, todos os colegas riram com vontade, só de olhar para a cara do Diogo, que rapidamente se dispôs a responder.

- Não brinquem amigos. Ela parecia algo confusa. Nem reparou em mim. Enquanto eu conduzia pelo trânsito infernal, ela não descolou os olhos do livro que lia dedicadamente. Eu é que não conseguia descolar o olhar do espelho retrovisor, nem quando em consequência da minha apetência para a visão à retaguarda ia embatendo na traseira de um autocarro, ela tirou os olhos do livro.

- Isso não deveria ser um livro, deveria antes ser uma dessas revistas de imagens das festarolas dos “ranhosos”. Tu é que estavas com tanta atenção nas pernas da tua passageira que acabaste a confundir a “Trombinhas do Nova Gente Vipi” com um livro…

Esta última interrupção do António provocou mais uma gargalhada geral.

- Não me gozes António. Na verdade que até nem importava que uma mulher daquelas olha-se para mim, pelo menos uma vez, mas não tenho essa sorte, mas acreditem que ainda sei distinguir um livro de uma revista. Ainda vos digo mais, depois de muitos anos a olhar pelo retrovisor e a ler as gordas dos jornais dos passageiros através deste, desenvolvi a capacidade de ler ao contrário. Para aqueles que quiserem saber algo mais sobre o livro podem ir compra-lo.

Dizendo isto Diogo levantou-se a foi até ao carro onde apanhou um livro que atirou para cima da mesa, à volta da qual estavam reunidos os seus colegas. Na capa podia ler-se o título “Histórias de um Faroleiro”.

O espanto dos seus colegas foi geral, afinal ela tinha-o impressionado de tal forma que Diogo fora comprar o livro.

Alberto, com os olhos pregados no livro que repousava sobre a mesa, articulou hesitante um comentário:

- Ó Diogo não te sabia apreciador... mas ... tu ... foste comprar um livro?

- Deve ter imagens… Mas agora até eu estou curioso por saber onde levaste tu essa “deusa” – apressou-se a dizer Francisco já refeito do choque.

Sentando-se vagarosamente na cadeira, Diogo olhou os colegas nos olhos, um a um e disse.

- Meus amigos, hoje aconteceu-me a mim, mas amanhã pode acontecer-vos a vós. O importante é nunca perder de vista o céu estrelado, pois as estrelas cadentes, que dão vida aos sonhos, raramente anunciam a sua chegada.



8 de dezembro de 2004

Luzes Brilhantes... Luzes Vazias

É verdade que este "amanhã" está demorado, mas também ainda não será amanhã.

Espero sinceramente que consigam desculpar esta falta de luz... e logo nesta quadra que luzinhas a piscar é o que não falta.

Talvez seja por isso mesmo, acendem-se muitas as luzes, luzes brilhantes e coloridas, mas muitas delas são luzes vazias, ocas, pois na sua maioria servem apenas para aliviar a imagem daquela face que evitámos olhar durante os dias longos e tão frios, que restam no ano.

Há coisas tão importantes que não olhamos com medo que sejam contagiosas.



6 de dezembro de 2004

Promessa de Beijo

Do alto do farol olha, ao longe, o pôr-do-sol, que nasce para ver morrer o dia. Na sua cabeça, sempre em movimento, recorda a história de Isabel, a personagem de um encontro especial. Um encontro de histórias sob a luz de um farol cheio sonhos.

Tinha de partilhar aquela história. As histórias bonitas são para serem partilhadas, contadas uma, e outra e outra vez, até que todos as consigam contar como se fosse a história da sua própria vida.

No rescaldo do cansaço de mais uma vigília no farol, só o conforto da mão quente que chega com as últimas restes do calor de um dia glacial, para lhe afagar a alma e desejar uma boa noite.

Ao olhar o sol poente naquele final de tarde de Dezembro sentiu a carícia suave da mão doce e quente que lhe afagava o cabelo e os lábios húmidos que o beijaram ternamente.

Um sonho, apenas um sonho de Verão, uma promessa de Amor, uma lareira de sentimentos que teimava em arder e aquecer um coração quase congelado pelo frio de um Inverno que desafiava a força de sentimentos que se comunicam misteriosamente na ponta dos lábios, na doçura de um beijo terno.

Amanhã conto-vos mais um capítulo da história daquele encontro.


2 de dezembro de 2004

Banho de Luz

Juntos num mar de sentimentos desfrutam de um banho de amor. A luz ténue do Farol baralha os olhos indiscretos, preservando a solidão consentida e partilhada de um amor a dois.

A paixão dos seus corpos incendeia a água com um fogo impossível de apagar. Dos seus corpos, ateados pelas chamas da paixão queimando beijos, doces, sensuais, quentes e húmidos, desprende-se o sussurro do riso de uma voz de criança que descobre o prazer de brincar.

Ao longe, da praia, eleva-se o som calmo relaxante das ondas que abraçam o areal, marcando o compasso do balancear dos seus corpos que ora se atraem ora se afastam, ao sabor dos caprichos da força daquele mar que os acolhe no seu seio.

No peito daqueles amantes dois corações batem desorientados, ao sentirem que o fogo que lhes alimenta a corrida desenfreada em direcção a um destino incerto mas freneticamente ansiado, cresce sem obstáculos ou limites.

Numa corrida louca entre a mente e o corpo, o sistema nervoso confundido arrepia a pele e aguça os sentidos, que à mais leve e subtil carícia liberta a adrenalina que contrai os corpos em chamas imersos num banho de sensações indescritíveis.

Entre beijos e carícias, o silêncio de um momento, um olhar mais profundo e o leve beijo na nuca diz tudo aquilo que as abundantes e poderosas palavras nunca conseguiriam transmitir.

Foi assim que, no alto do farol, de onde guiava a luz que coloria de sombras o refúgio destes amantes um pensamento brilhou na sua mente com assombrosa intensidade: ainda que falasse a língua dos anjos jamais conseguiria encontrar as palavras para explicar, ou tão somente descrever, a magia do Amor.


1 de dezembro de 2004

A Traição do Tempo

Percorre os sonhos com as mãos quentes e vacilantes da imaginação. Ao longe, uma luz forte incendeia-lhe a alma com histórias de amores impossíveis, belos romances escritos na espuma do mar.

Sonhos, simplesmente sonhos de um faroleiro solitário, que no alto do seu farol se sente pequeno, muito pequeno, apenas mais um grão de areia, como aqueles que o vento forte e bravio separa impiedosamente das mãos da mãe praia.

Olha com devoção a foto de uma sombra, de um amor fugidio, perdido na escuridão de uma mundo cruel, pequeno, infinitamente diminuto, mas ao mesmo tempo grande, tão descomunalmente grande que o impede de se aproximar da sereia que, daquela foto, o olha de forma meiga e naturalmente doce.

O tempo, o tempo, esse que parece sempre tão curto para os que caminham e tão longo para os que esperam, esse tempo que tudo transforma em pó, o tempo que ofusca os sentimentos e a razão. Esse tempo é agora o seu pior inimigo, porque ele espera, continua à espera de a poder ver, para olhando o azul profundo do mar nos seus olhos castanhos lhe dizer...

Amo-te!



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