29 de julho de 2005

Farol da Vida (Capítulo 4)

A azáfama do início da manhã tinha acalmado. Os clientes sedentos das notícias em primeira-mão tinham passado. Manuel sentara-se e preparava-se, também ele, para conferir os assuntos que dominavam a actualidade noticiosa daquele dia.

Foi percorrendo os títulos dos principais jornais, conferindo que nenhum apresentava novidades dignas de relevo. As mesmas tricas e intrigas politico partidárias, acalentadas por alguns jornalistas mais enérgicos, muito interessados em promover as suas carreiras pessoais. As atrocidades tantas vezes vistas, cometidas por esse mundo fora, em nome de um bem, da riqueza e da paz que apenas uma minoria conhecia. Depois a má-língua e as glamorosas reportagens sobre as festas e as vidas cor-de-rosa de uns que representavam o pesadelo à vista da vida cinzento escura da maioria.

Num dos jornais um título na primeira página captou a atenção de Manuel. Nada de invulgar, apenas uma referência às dificuldades financeiras do país e à necessidade do governo cortar custos. Mais uma vez o governo iria lançar mão do património do estado e através da sua venda, reduzir custos ao mesmo tempo que encaixava receitas extraordinárias. Era a velha técnica de vender os anéis à espera que se salvem os dedos.

Manuel abriu o jornal na página indicada enquanto ia mentalmente praguejando contra aquele tipo de navegação à vista, faltava aquela gente sentido de orientação, lembrou-lhe aquela classe de pessoas que vivem com os olhos no fim do mês, incapazes de ver mais além.

Nessa mesma página, colado ao artigo sobre as atribuladas desventuras financeiras do Estado, algo prendeu o seu olhar. Imediatamente recordou o gabinete de Pedro na Lindhout, Jaeger & Associates Architects.

Será que Pedro já tinha lido o jornal que lhe entregara nessa manhã, pensou ele.

Talvez fosse boa ideia telefonar-lhe. Pensou melhor, não gostava de telefonar para o escritório. Sentia ainda algum desconforto sempre que pensava na frialdade das palavras de Manuela no dia em que o dispensou do serviço. Sempre poderia falar com ele na manhã seguinte, quando, como sempre, Pedro passava pelo quiosque.

Sim, seria melhor - considerou Manuel. Afinal, pelo que lia, até lá nada se alteraria.

Os dados estavam lançados, tudo dependeria da vontade Pedro…

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27 de julho de 2005

Farol da Vida (Capítulo 3)

A ambiente de penumbra da garagem permanecia igual ao de tantos dias, mas naquele dia Pedro estava diferente, de tal modo que a falta de luz estava a incomoda-lo. Apressou o passo em direcção ao elevador, queria desesperadamente abandonar aquele local soturno.

Já em frente à porta do elevador levou a mão ao bolso e procurou a chave que lhe permitiria abandonar aquela prisão. Por questões de segurança o elevador parava no piso térreo do edifício, apenas a utilização de uma chave especial permitia o acesso aos pisos inferiores, onde se localizavam as garagens e maquinaria diversa.

Finalmente encontrou a chave, introduzi-a na abertura colocado ao lado da porta e logo sentiu o som familiar do elevador que agora se movimentava na sua direcção. Entrando premiu o botão ao lado do qual uma lustrosa placa indicava Lindhout, Jaeger & Associates Architects. O elevador começou a andar e deteve-se treze andares depois, com um sonoro “plim-plim” anunciado o fim da viagem.

Até esse dia nunca tinha dado importância ao facto de trabalhar no décimo terceiro andar, mas naquele dia até esse pormenor lhe tinha causado alguma apreensão. Dirigiu-se à porta o escritório e forçando os músculos do braço, estendeu a mão e empurrou a porta.

Lá dentro parecia reinar a anarquia. Andavam toda a gente a correr de um lado para o outro com enormes folhas nas mãos. Ao longe ouviam-se alguns gritos de “depressa”, “então, ainda não está?”, “imediatamente!”. Algo acontecera naquela manhã para justificar todo aquele tumulto.

Pedro nem quis saber. Passou incógnito pelo meio da confusão e dirigiu-se ao seu gabinete situado ao fundo de uma sala organizada em “open space”. Entrou no gabinete fechando rapidamente a porta, procurando isolar-se do mau presságio que aquela agitação prenunciava. Atirou o jornal para cima da mesa redonda colocada a um dos lados e foi sentar-se atrás da secretária colocada de costas para a janela.

Olhou com indiferença os recados que Maria, a sua secretária lhe tinha colocado sobre a mesa e rodou a cadeira de modo a ficar de frente para a janela. Esticou as penar e deixou o pensamento voar através dos vidros.

Ainda mal a sua imaginação tinha levantado voo e sentiu bater a porta do seu gabinete. Sem se virar Pedro disse:

- Já não se bate à porta antes de entrar?

- Privilégio de chefe, meu querido.

Era Manuela, responsável pelo escritório de Lisboa e sua chefe. Manuela era uma bela mulher de uns quarenta e quatro anos, mas a quem ninguém daria mais de trinta e cinco. Fruto de uma alimentação cuidada, quatro visitas semanais ao ginário e uma visita à clínica de beleza, era a prova viva que não se pode medir a idade de uma mulher pelo seu aspecto. Tinha cabelos castanhos, levemente acobreados por uma hábil cabeleireira e uns transparentes olhos verdes que em conjunto com os lábios levemente carnudos rematavam uma face com uma beleza arquitectonicamente singular. Usava quase sempre sapatos com saltos altos, às vezes quase maiores do que as suas já longas e elegantes pernas, que acentuavam a sua sensualidade, associados a um guarda-roupa criteriosamente bem escolhido de modo a realçar as formas do seu corpo ainda mais jovem do que a idade que aparentava.

Pedro permaneceu virado para a janela, enquanto Manuela se aproximava dele dizendo.

- O menino não reparou que o escritório está em alerta máximo? Permanece aí com esse ar de apatia quando todos aqui estamos à beira de um abismo de stress…

- O segredo está em não se deixar dominar pelo stress Manuela. O abismo pode esperar e vai ter que esperar, que ainda não é hoje que me vai apanhar.

Já encostada à sua cadeira Manuela introduzira os dedos nos cabelos de Pedro enquanto dizia:

- Não sei como ainda me consigo surpreender com a tua frieza, essa calma que não consigo ter. Não sabes a inveja que sinto dessa tua forma de ser.

- É simples - disse Pedro - Substituis uma dessas aulas do ginásio por uma passeio à beira-mar, com os pés descalços sobre a areia húmida e verás como todos os teus problemas vão adquirir novas cores e formas, tal qual o mais sublime projecto de arquitectura que possas imaginar.

- Bem gostaria Pedro, mas alguém tem de puxar por este escritório e por talentosos e preguiçosos arquitectos como tu, meu menino. Agora vamos ao trabalho que o dia não espera.

Dizendo isto afastou-se de Pedro. Enquanto caminhava em direcção à porta ia dizendo.

- Pedro sabes que gosta muito de ti, já te dei provas mais que suficientes disso, e apesar do teu talento não aceitarei desculpas se algo falhar com este projecto. Sabes disso não sabes?

- Claro que sei Manuela – Ao dizer isto, Pedro lembrou-se de Manuel - Ainda hoje estive com a melhor prova da tua impiedade, o Manuel Costa!

- Então vê se não lhe segues o exemplo!

Dizendo isto saiu batendo a porta com força.

A sua relação com Manuela sempre tinha sido fácil. Ela sabia que ele tinha talento, algo que a ela não lhe sobrava. Por tal acabava sempre por ser algo condescendente com a sua atitude despreocupada. Na verdade a razão não era só o seu talento. Manuela sempre tivera um fraquinho por ele, desde o dia que se apresentou para a entrevista no escritório.

A sala estava cheia de candidatos. Pedro fora dos últimos a chegar, como era seu apanágio, rigorosamente pontual mas sempre no fim. Manuela passou pela sala, e ainda sem saber que ela era, tinha havido entre ambos uma troca de olhares que lhe deu esperança que o lugar era para si. Foi o terceiro a ser chamado, e ao contrário dos outros a quem era dito que deveriam aguardar por notícias pelo correio, a ele, Manuela dissera-lhe para aguardar na sala ao lado.

Depois disso, Manuela tentara por diversas vezes concluir a aproximação que tinha iniciado naquele dia, mas sempre sem sucesso. O facto de Pedro saber que ela era casada e principalmente que era a sua chefe tinha-o sempre motivado para manter a distância, apesar das investidas mais ousadas de Manuela.

Recordava inclusive uma viagem, em que Manuela lhe ligara do quarto de hotel dizendo-lhe que necessitava urgentemente da sua ajuda. Quando chegou ao quarto, Manuela abriu-lhe a porta e para seu espanto pediu-lhe que a ajudasse e vestir um top que ela não conseguia apertar. Sem nada a cobrir o seu belo e firme peito, Manuela estendeu-lhe o top com os olhos a flamejar de desejo.

Contudo, ele tinha conseguido manter a calma e aplacando o fogo que naquele momento crepitava dentro de si, mandou que se virasse e delicadamente apertou o top e dirigiu-se para a porta dizendo:

- Espero-te no hall, não te demores.

Pedro não o sabia, mas naquele momento Manuela, furiosa, tinha prometido a si mesma:

- Um dia hás-de ser meu Pedro!

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25 de julho de 2005

Farol da Vida (Capítulo 2)

Em São José, Joaquim cumpria a sua rotina matinal sem ainda saber que a sua pacata vida estava prestes a experimentar uma mudança terrivelmente radical. Ignorando a tempestade que se formava no horizonte e que muito brevemente se abateria sobre a sua vida, uma vida que já se estendia por bem mais de 70 anos, Joaquim mastigava os pequenos bolinhos de Dª Maria que ia demolhando na caneca de cevada. No seu rosto, desenhado por perfeitas linhas rectas abundavam agora as curvas, algumas bem profundas, rugas que testemunhavam uma vida de dificuldade, alegrias e principalmente muitas tristezas e uma imensurável dose de solidão. Joaquim era um homem forte, em cima dos ombros largos, no limiar do metro e oitenta, ostentava uma farta cabeleira branca que fazia a inveja de muitos dos seus amigos de São José.

São José fora em tempos uma pacata vila essencialmente habitada por gente simples que vivia dos caprichos do mar. Actualmente, fruto da sua localização privilegiada e da baia que se formava entre as falésia que se aventuravam mar dentro, tinha despertado o interesse e a cobiça de promotores imobiliários que a haviam transformado num paraíso turístico. Das pequenas casas humildes dos pescadores pouco mais restava que uma ou duas ruas, tudo o resto tinha sido transformado em condomínios de belíssimas e luxuosas vivendas, salteadas aqui e além por prédios de apartamentos, mas que nunca ultrapassavam os dois andares.

Joaquim recordava a primeira vez que tinha pisado São José. Já não se lembrava há quantos anos tinha sido, lembra-se de ter encontrado na população da pequena aldeia uma família que o acolheu de braços abertos, quando lhe foi entregue pelo ministério o cuidado do Farol de São José.

O Farol de São José era uma construção como tantas outras que era possível encontrar ao longo da vasta costa. Firmemente agarrado ao topo dum dos cabos que vigiava a pequena baia que banhava a aldeia. O Farol fora a salvação de muitos navios, evitando que se aproximassem daquela zona da costa, cravejada de rochedos que na maré baixa lembravam enormes baleias que emergiam do mar para respirar e tal como elas, pela força das ondas, de vez em quando sopravam jactos de água que se elevavam em direcção ao céu.

Joaquim era desde esse tempo o Faroleiro responsável pela guarda e manutenção do farol. Habitou durante muitos anos a pequena casa quadrada, que timidamente se aninhava ao lado do gigante.

Ali tinha casado, mostrara a luz a duas vidas e também ali tinha visto a escuridão da morte levar-lhe a sua luz, aquela que durante tantos anos lhe tinha iluminado o caminho da vida. Sentia ainda com alguma mágoa o dia em que teve de abandonar a casa do farol. A casa degradara-se. O bafo duro e implacável do oceano tinha calmamente transformado o seu castelo, o seu reino, num local frio e hostil. Joaquim tentara por várias vezes sensibilizar os responsáveis para a necessidade de proceder a obras de conservação, mas a resposta que ansiava perdeu-se sempre na volta do correio.

Um verão a visita da filha, a sua Xaninha, precipitou a mudança. Revoltada por ver as condições da velha habitação onde passara os anos mais felizes da sua vida, tentou que o ministério procedesse às obras necessárias, mas confrontada com frieza dos orçamentos, decidiu adquirir uma casa no centro de aldeia e mudar para lá seu pai. Tinha sido um momento particularmente doloroso. Com as lágrimas nos olhos os dois tinham fechado a porta da casa, afastaram-se uns metros e em silêncio permaneceram longos minutos deixando semeada naquela areia que cobria a dura rocha que enfrentava a forma do mar as emoções que corriam ao longo das suas faces.

Agora, já sozinho, Joaquim cumpria todos os dias o ritual de subir ao topo da escarpa, passava ao lado da pequena casa, procurando não a olhar de frente e abrir a porta do farol. O Farol estava agora automatizado, pelo que Joaquim fazia apenas inspecções de rotina. Na verdade tal nem seria necessário, pois uma panóplia que equipamentos electrónicos enviariam um sinal de alerta para uma central caso ocorresse algum problema no Farol, mas isso pouco interessava a Joaquim, o apelo daquele Farol, que fora e era o Farol da sua vida era mais forte, pois era ali que se sentia vivo, a visita diária aquele Farol era o pão e vinho que lhe alimentava a alma.

Naquela manhã Joaquim preparava-se para cumprir a sua missão. Lentamente percorria as ruas da, ainda, meio adormecida aldeia. De frente para o oceano o sol espreguiçava longos e dourados braços. Na rua apenas algumas pessoas, habitantes da terra que Joaquim bem conhecia.

Entre comprimentos e votos de bons dias, seguia seguro em direcção ao Farol de São José, sem calcular o que o esperaria nesse dia, em casa, ao voltar da visita ao seu companheiro de vida.

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20 de julho de 2005

Farol da Vida (Capítulo 1)

Depois de galgar a pequena subida que separava a garagem da imensa avenida, o potente BMW penetrou na confusão que todas as manhãs atingia a larga avenida. Sentado ao volante, Pedro fazia um esforço por se manter atento. A cada cem metros tropeçava num semáforo que se iluminava de um vermelho vivo. Noutras circunstâncias ter-se-ia enfurecido violentamente cada vez que parava, mas hoje não, encarava as pequenas paragens com naturalidade, sentia que cada uma representava um obstáculo para chegar ao emprego e de certa forma, naquela manhã, até lhe parecia positivo.

Ao aproximar-se do final da avenida tentou encostar-se o mais possível à direita, o que conseguiu depois de umas buzinadelas e uns apupos mais exaltados, principalmente de algumas senhoras, às quais respondeu com leve aceno de desculpa e compreensão.

Avistou por fim o quiosque do Manuel. Encostou o carro ao passeio, parcialmente sobre uma área reservada aos autocarros e abriu o vidro. O Manuel apressou-se a sair do quiosque com o jornal na mão. Depois de rápido cumprimento atirou com o jornal pela janela para o banco acompanhado pelas palavras:

- Aqui estão elas, as mais fresquinhas como todas as manhãs.

e respondeu à fatídica pergunta de Pedro:

- Estou bem, obrigado Pedro!

Pedro fechou o vidro sem sequer olhar para o jornal e seguiu serenamente o seu caminho. Era aquela a sua rotina diária e forçosamente todos os dias acabava a recordar a história de Manuel.

Manuel Rojões da Silva Costa tinha trabalhado com ele. Recordava que era um profissional exemplar, sempre pontual e diligente, mas que interessava isso para as grandes companhias? Pensava. Pensou no fatídico dia em que Manuel tinha decidido não comparecer no trabalho porque a sua filha, a sua princesa com ele lhe chamava, tinha desmaiado pela manhã durante o pequeno-almoço e ele decidira acompanha-la juntamente com a mãe ao hospital. Uma decisão que mancharia de negro um dia que prometia um glorioso céu azul esperança.

Nesse dia Manuel deveria apresentar a um cliente um importante projecto. Na sua ausência a responsabilidade da apresentação foi entregue a um colega, mas ao qual faltava a eloquência e força que Manuel sempre imprimia a todos os seus projectos. O cliente gostou do que lhe foi sendo apresentado, mas não gostou das explicações que lhe foram sendo prestadas e após uma intenso interrogatório declarou insatisfeito, pese muito embora o projecto fosse do seu agrado, gostava também se sentir confiança nas pessoas que o iriam acompanhar e recusou a proposta apresentada, acabando por entregar o projecto a uma firma concorrente.

Nesse dia Manuel, sem o saber, angustiado pela dúvida sobre o verdadeiro estado de saúde da sua princesa, tinha assinado a sua sentença. Após uma espera de mais de seis horas, horas de uma tormentosa agonia psicológica, aproximou-se uma médica jovem para conversar com ele e a esposa. Depois de lhes administrar um calmante verbal com uma voz suave e confortante, disse-lhes:

- Possivelmente a sua filha terá de ser submetida a uma pequena intervenção cirúrgica, mas só poderemos ter a certeza depois de efectuarmos mais exames…

- Mas… Dra. é grave, ela… - Disse ele com as lágrimas a aflorar no canto dos olhos profundos, de um negro tão escuro que pareciam um poço sem fundo, tal como a sua aflição naquele momento.

- Ainda não sabemos, mas sabe que com as crianças é tudo diferente, elas têm uma capacidade de recuperação verdadeiramente milagrosa.

A presença de uma criança no meio de uma passadeira obrigou Pedro a uma travagem brusca e ao abandono momentâneo da história de Manuel.

Felizmente a médica, apesar da sua aparente falta de experiência, fruto da sua juventude, tinha acertado no prognóstico e a princesa tinha recuperado plenamente e aquele triste incidente teria sido apagado do livro das suas vidas não fosse a carta da empresa a dispensar os serviços de Manuel. Em particular disseram-lhe que poderiam manter ao serviço um funcionário que perante um compromisso fulcral para a empresa tinha escolhido acompanhar a filha ao hospital, até porque esta estava “mais do que bem acompanhada pela mãe” foram as exactas palavras de Manuela Cordeiro, a chefe.

Fruto da sua idade e publicidade negativa que toda a situação gerou, pelo facto de aquele ser um contrato muito importante e muito badalado na comunicação social, Manuel não conseguiu qualquer colocação noutros escritórios.

Pedro soube por acaso da sua tentativa de ficar com o quiosque e empenhou-se até à alma para conseguir que o alvará lhe fosse atribuído. Manuel nunca soube da nada e ele preferia assim.

Por fim a sua viagem aproximava do final. O portão da garagem do luxuoso prédio de escritórios à sua frente marcava o início de mais um dia de rotina. O portão abriu lentamente e Pedro conduziu o BMW até um local reservado. Na parede uma placa indicada a propriedade: Privado - Arq. Pedro Miguel Marta.

Desligou o motor e sentiu uma angústia apoderar-se dos seus músculos que teimavam em não se mexer e resistiam aos comandos insistentes do seu cérebro que lhe recordava a obrigação de ir trabalhar.

Finalmente depois de uma forte insistência cognitiva, Pedro mecanicamente pegou no jornal, abriu a porta, saiu do carro e dirigiu-se impassível ao elevador, sem nunca desconfiar das surpresas que aquele dia lhe reservaria.

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8 de julho de 2005

O Caminho

Cheirei o perfume da tua pele e não te descobri.
Olhei-te nos olhos e não te vi.
Toquei-te e não te senti
Senti o doce sabor do teu beijo e nunca o bebi
Amei-te e, simplesmente, me perdi.


Agora que luz da noite me ilumina,
Espero... espero...
Espero que a luz do farol
Me alumie o caminho
Que finalmente,
Me conduzirá a ti.

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5 de julho de 2005

Escuridão Total

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